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Reflexões sobre o Processo Eleitoral
Publicado em 07/10/2022A retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico do país se dará pelo investimento em educação básica, reformas estruturais que melhorem o ambiente de negócio, responsabilidade fiscal, estabilidade institucional e respeito à democracia
Por Ecio Morais
Subjacente ao confronto ideológico entre Bolsonaro e Lula se encontra um embate histórico entre economistas ditos desenvolvimentistas e ortodoxos. O ponto alto desse debate se deu nos anos 40 entre Roberto Simonsen, empresário de sucesso, ex-presidente da FIESP, desenvolvimentista, e Eugênio Gudin, economista consagrado, patrono dos ortodoxos brasileiros.
Eugênio defendia a estabilidade econômica, contenção da inflação, a busca por ganhos de produtividade e tinha restrições quanto ao processo de industrialização forçada, conduzida pela mão visível do Estado. Importante lembrar que nos anos 40, o Brasil ainda era um país essencialmente agrícola. Roberto Simonsen, ao contrário, defendia o intervencionismo estatal e a busca da industrialização do país. Tecnicamente, o argumento de Gudin era mais sofisticado e racional, entretanto, politicamente quem venceu foi Roberto Simonsen. Nos anos que se seguiram vimos a construção de Brasília, o Plano de Metas de JK e o desenvolvimentismo dos militares. O Brasil cresceu em média 7% ao ano entre os anos 30 de Getúlio até o final do governo Geisel no final dos anos 70. Era o país que mais crescia no mundo.
No início dos anos 80, o processo entrou em colapso com o estrangulamento externo (crise da dívida) e até hoje, já se vão mais de 30 anos, o país rasteja em um crescimento médio de 2% com espasmos inflacionários e crises políticas.
No Brasil, o debate sobre o papel do Estado no desenvolvimento econômico vem impregnado de preconceitos e paixões que comprometem uma avaliação racional sobre o tema. Na verdade, não importa muito o “tamanho”, mas sim a eficiência proporcional do aparelho estatal. O sudeste asiático (China, Coréia, Taiwan, Vietnam, entre outros) é campeão em produtividade e criação de riqueza e deve muito à condução resoluta de um Estado planejador. Enfim, o debate é apaixonante e todos os brasileiros deveriam participar dele.
Importante salientar que, para além da controvérsia do papel do Estado, existe uma receita básica para a retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico: investimento em educação básica, reformas estruturais que melhorem o ambiente de negócio, responsabilidade fiscal, estabilidade institucional e respeito à democracia. Esse é o prato que devemos preparar, independente de quem seja o cozinheiro.