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O IPO da Vivara e as lições que ficam para o mercado joalheiro

Publicado em 13/12/2019

Construção de marca, gestão profissional e sistema tributário permitiram a abertura de capital da empresa

Foto: Divulgação B3

Foto: Divulgação B3


Por Ecio Morais

Recentemente, a Vivara abriu seu capital em uma bem-sucedida operação de IPO. Trata-se de um fato raro para uma joalheria, geralmente empresas familiares, tradicionais e de capital fechado. Além da novidade, a iniciativa da Vivara encerra algumas lições que retratam o contexto e desafios enfrentados pelo segmento joalheiro no Brasil.

O sucesso financeiro do IPO da Vivara foi a coroação de uma estratégia de profissionalismo, perseverança, inovação e senso de oportunidade. No Plano Real, a empresa soube identificar um nicho importante de consumo de uma joia mais popular com a ascensão de uma nova classe média. O pagamento em dez vezes, quando poucas empresas adotavam tal pratica, corou o processo de conquista dessa fatia de mercado. A associação da marca com celebridades nacionais como Gisele Bündchen também foi uma estratégia permanente de marketing. O rigor na contenção dos custos da produção terceirizada e o ímpeto empreendedor ao ampliar a cadeia de lojas ajudaram a fechar a equação. A Vivara construiu, consolidou e faturou em cima de uma marca. Está aí a primeira lição para o mercado joalheiro: a importância de se construir uma marca.

A segunda lição retrata o senso de oportunidade dos administradores da empresa e, ao mesmo tempo, demonstra a falta de neutralidade e a distorção gerada pelo sistema tributário brasileiro. A principal operação industrial da Vivara está em Manaus, no meio da selva amazônica, a milhares de quilômetros dos centros consumidores de joias. No entanto, o fato de produzir em Manaus oferece a Vivara mais de 60% da composição de seus lucros, dado retratado nos relatórios que embasaram o IPO. Em Manaus, as empresas estão isentas do IPI e possuem generosos abatimentos no ICMS, gerando uma concorrência assimétrica com as empresas que não desfrutam de tais benesses. No ramo joalheiro não é só a Vivara que produz em Manaus. A operação de abertura de seu capital apenas retratou a importância que o beneficio fiscal pode oferecer para uma organização.

Além do enorme reforço de caixa para a empresa, o IPO da Vivara trouxe ainda mais duas importantes lições para o mercado: a importância de se operar com profissionalismo e como o sistema tributário pode ajudar nessa empreitada.