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ICA Congress 2025 tem início com Brasil no centro da transformação global das gemas

Publicado em 20/05/2025

Primeiro dia do ICA Congress 2025 reuniu especialistas, autoridades e líderes do setor para discutir os caminhos rumo a uma indústria mais ética, sustentável e conectada com as próximas gerações.

Da esq. à dir., Manoel Bernardes, Tasso Mendonça Júnior, Roseli Duque, Damien Cody, Carla Pinheiro, Hermano Ferro, Marcelo Ribeiro e Samuel Sabbagh.

A abertura do evento foi marcada por discursos inspiradores e painéis densos em conteúdo técnico, histórico e político, consolidando o Brasil como protagonista na transformação da indústria de gemas e joias. Do reconhecimento das riquezas minerais à valorização da produção artesanal e das práticas regenerativas, o início do congresso reforçou a importância de ações coordenadas entre governos, empresas, academia e sociedade civil.

Mensagem de resiliência e união

Damien Cody, presidente do ICA

Em seu discurso de abertura, Damien Cody, presidente do ICA Congress, destacou a importância simbólica de realizar o congresso em Brasília — um “lugar de inovação e beleza para definir e explorar o futuro da nossa própria indústria”, perfeito para sediar reflexões sobre uma indústria também movida por natureza, arte, visão e resiliência. Ele reconheceu os desafios do cenário atual, como as tensões geopolíticas e a instabilidade econômica, mas reforçou que é justamente em tempos de incerteza que a força da comunidade mais se destaca.

Usando uma metáfora com sua paixão pela navegação, Cody comparou os desafios da indústria a tempestades no mar: “Não entramos em pânico. Reduzimos a vela, ajustamos o curso e buscamos abrigo seguro”. Para ele, as empresas que souberem se adaptar, repensar estratégias e buscar novos mercados sairão ainda mais fortes deste período. “Tempos difíceis não duram, mas pessoas fortes sim”, relembrou, citando uma frase de seu pai.

Cody concluiu reforçando o tema do congresso, “Gems for Generations”, e convidou todos os participantes a aproveitarem a oportunidade para criar conexões duradouras, gerar ideias transformadoras e se comprometerem ainda mais com o futuro da indústria de gemas.

Setor público destaca compromisso com sustentabilidade, inovação e protagonismo do Brasil

Da esq. à dir., Rui Galopim, Roseli Duque, Clarissa Franco, Rodrigo Rollemberg, Julevania Alves Olegário e José Silva.

Durante abertura, representantes de instituições estratégicas brasileiras reforçaram o papel do país na promoção de uma cadeia de gemas mais ética, sustentável e competitiva. Roseli Duque, presidente do IBGM, deu boas-vindas aos participantes e agradeceu aos parceiros institucionais e políticos por viabilizarem o encontro. “Brasília, nesses dias, se torna o centro mundial de diálogo, da troca de experiências e da construção coletiva de um futuro mais sustentável e integrado à nossa indústria de gemas e joias.” Clarissa Franco, coordenadora de Indústria e Serviços da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), destacou o papel do projeto Precious Brazil na promoção internacional do setor e defendeu o compromisso com boas práticas. “Mais do que exportar produtos, queremos exportar histórias, autenticidade, inovação e compromisso com práticas responsáveis.” Já Julevania Alves Olegário, diretora substituta do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração do MME, destacou o desempenho do setor mineral no país e a importância de ampliar a formalização e o valor agregado das gemas brasileiras.

O deputado federal José Silva (Solidariedade – MG), também presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável e coordenador da Frente Parlamentar Mista da Mineração, fez uma fala contundente sobre o papel do Congresso Nacional na construção de um futuro mais justo e equilibrado para o setor mineral. “O mundo vive o desafio de produzir riquezas, produzir alimentos, produzir desigualdades e, ao mesmo tempo, preservar. É um pacto que todos nós tivemos que celebrar […] um pacto pela vida.” Em sua fala, o parlamentar defendeu o uso da ciência e das boas práticas como alicerces de uma nova visão sobre a atividade minerária, propondo, inclusive, uma mudança de vocabulário. “Tenho procurado na Frente Parlamentar tirar a palavra ‘exploração minerária’ e passar para ‘aproveitamento minerário’, que parece uma visão mais serena, de mais sustentabilidade.” Ele afirmou ainda que levará os encaminhamentos do congresso para o parlamento e para a COP, visando consolidar políticas públicas voltadas ao setor.

Rodrigo Rollemberg, atual Secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, representando o vice-presidente da República e ministro Geraldo Alckmin, trouxe números e reflexões sobre os desafios do Brasil em transformar seu potencial em liderança no setor. “Apesar desse potencial mineral, ainda enfrentamos um desequilíbrio importante. Nossa situação está fortemente concentrada na extração e exportação de pedras preciosas no estado bruto ou minimamente trabalhadas.” Ele defendeu políticas que estimulem a transformação local e a inserção do Brasil em cadeias globais de valor como produtor de joias de alto padrão. Rollemberg também destacou iniciativas que buscam ampliar a rastreabilidade e a transparência na cadeia de produção: “O setor de gemas e joias pode ser não apenas protagonista econômico, mas também referência ética, ambiental e tecnológica.”

Marcelo Ribeiro, CEO da Belmont e presidente do ICA Congress 2025

E em seu discurso de abertura, Marcelo Ribeiro, CEO da Belmont e presidente do ICA Congress 2025 no Brasil, deu as boas-vindas aos participantes e traçou um panorama do setor brasileiro de gemas e joias, ressaltando a relevância estratégica do Brasil no cenário global. “Brasília foi construída no centro do país para ser o centro das discussões”, afirmou, relacionando o papel político da capital à necessidade de políticas públicas eficazes para o desenvolvimento do setor. Marcelo destacou que o Brasil é líder mundial em diversidade de gemas, gerando mais de 300 mil empregos diretos e concentrando 90% de suas 39 mil empresas no Sul e Sudeste do país, sendo 70% delas lideradas por mulheres. Com um crescimento de 9% nas exportações de gemas e joias em 2024 e marcas reconhecidas internacionalmente, como Belmont, Cruzeiro e Paraíba Mine, ele defendeu que a mineração de gemas pode e deve gerar valor local. “É possível fazer liberação de gemas gerando valor onde a gema é extraída, gerando riqueza em toda a cadeia. (…) As coisas só acontecem se a gente sonhar. Precisamos construir a indústria que queremos deixar para as próximas gerações”, concluiu.

Primeiro painel discute entraves regulatórios e propõe caminhos para fortalecer a cadeia de gemas de cor no Brasil

Painel: Além da Superfície: Desafios e Oportunidades no Setor de Gemas de Cor do Brasil. Da esq. à dir, Samuel Sabbagh, Carla Pinheiro, Manuela Soares, Tasso Mendonça Junior e Hermano Ferreira

Com o tema “Além da Superfície: Desafios e Oportunidades no Setor de Gemas de Cor do Brasil” (Beyond the Surface: Challenges and Opportunities in Brazil’s Color Gemstone Sector), o primeiro painel do ICA Congress 2025 reuniu representantes do setor produtivo, do governo e da fiscalização para uma conversa sobre os obstáculos e potenciais da cadeia brasileira de gemas. A moderação foi de Carla Pinheiro, vice-presidente de Relações Institucionais do IBGM, que destacou a interdependência entre os elos da cadeia e o papel essencial dos pequenos produtores: “Somos uma cadeia extremamente interligada. A gente não vai conseguir exportar joias maravilhosas se a gente não tiver as nossas gemas muito bem resolvidas.”

Manuela Soares, Diretora de Estratégia da ArtOuro & Gemas, trouxe a perspectiva da base da cadeia e apontou os principais gargalos enfrentados na mineração de gemas de cor. Ela ressaltou a inadequação da legislação vigente à realidade das pequenas operações: “Hoje eu vejo como crítico para o futuro das nossas gerações em criar um ambiente regulatório que permita que os pequenos mineradores, que representam 90% desse segmento, tenham um ambiente de negócio saudável.” Manuela também defendeu a ampliação do conceito de minerais estratégicos, considerando seu impacto na geração de riqueza ambiental, social e econômica.

Na sequência, Tasso Mendonça Júnior, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), reconheceu a defasagem do Código de Mineração e apresentou avanços previstos na agenda regulatória da agência. Júnior falou sobre a necessidade de criar um novo título específico para as pequenas lavras: “Hoje nós temos um desafio de fazer o trabalho que o agro fez no Brasil. O agro é pop, mas a mineração é pop também.” Tasso também alertou para os conflitos entre grandes e pequenos empreendedores e defendeu a coexistência regulada como caminho para o desenvolvimento: “Quando você regula, a capacidade de fiscalização é total. Quando você não regula, aquela exploração é invisível aos olhos do Estado.”

Representando o elo comercial, Samuel Sabbagh, vice-presidente de Relações Internacionais do IBGM, chamou atenção para a escassez de matéria-prima e a falta de compatibilização entre as operações de grande e pequeno porte. “Nada é mais represador para o processo como um todo do que a falta de matéria-prima. Nós estamos vivendo um momento delicado.” Ele também apontou entraves tributários e logísticos que dificultam a venda online de gemas brasileiras no exterior e sugeriu a criação de um grupo de trabalho com a Receita Federal: “Se a gente pudesse vender uma pedra na joia diretamente para o nosso cliente via FedEx, estaríamos de frente para o mundo, com um crescimento brutal da indústria de joias dentro do Brasil.”

Por fim, Hermano Ferro, auditor da Divisão Nacional de Controle de Exportações da Receita Federal do Brasil, destacou a disposição do órgão em construir soluções conjuntas e modernizar os processos de fiscalização. “A Receita continuará sendo parceira na criação do grupo de trabalho. (…) A parte boa é que é mais fácil criar uma instrução normativa do que um decreto presidencial.” Ele defendeu o equilíbrio entre controle e facilitação e sugeriu o uso de consultas formais como instrumento para harmonizar interpretações entre diferentes unidades da Receita: “A melhor forma é conversando, participando de eventos como esse, e ajustando nossa legislação para não atrapalhar o trabalho dos pequenos comerciantes e das grandes empresas.”

Painel: Além da Superfície: Desafios e Oportunidades no Setor de Gemas de Cor do Brasil. Da esq. à dir, Carla Pinheiro, Manuela Soares, Samuel Sabbagh, Tasso Mendonça Junior e Hermano Ferreira.

O painel encerrou com uma rodada de reflexões dos participantes, reforçando a urgência da formalização das pequenas operações, a valorização da rastreabilidade e a criação de um marco regulatório específico para a realidade da cadeia de gemas de cor no Brasil.

Brasil como referência em conformidade e sustentabilidade no setor de gemas: segundo painel apresenta desafios e avanços da indústria

Painel “Indústria de Pedras Preciosas do Brasil: Líder em Conformidade e Práticas Sustentáveis”. Da esq. à dir., Manoel Bernardes, Adriano Mol, Ara Vartarian, Giorgio de Tomi e William Freire.

No painel “Indústria de Pedras Preciosas do Brasil: Líder em Conformidade e Práticas Sustentáveis” (Brazil’s Gemstone Industry: A Leader in Compliance and Sustainable Practices), lideranças do setor, pesquisadores e representantes da indústria joalheira debateram os entraves e as iniciativas que vêm moldando um novo cenário para a mineração de gemas no Brasil. A moderação foi conduzida por Manoel Bernardes, vice-presidente de Capacitação e Inovação do IBGM, que abriu os trabalhos destacando o potencial do Brasil e os desafios de transformar uma legislação robusta em ações práticas e efetivas.

O advogado Dr. William Freire, especialista em Direito Minerário, trouxe uma análise crítica sobre a legislação atual. “Se nós temos todas as ferramentas jurídicas, por que nós ainda temos falhas de normatização para o setor?”, questionou. Segundo ele, o país dispõe de um arcabouço legal sólido, mas há uma lacuna entre o que está na lei e sua aplicação, especialmente para os pequenos empreendedores: “O pequeno precisa de agilidade. E quando se fala que um pequeno minerador precisa de agilidade, nós não estamos pedindo ao poder público nenhum favor, porque um dos comandos constitucionais é justamente a eficiência administrativa.” Freire defendeu uma política pública de Estado, que vá além de gestões pontuais, com foco na sustentabilidade econômica e social da mineração de pequena escala.

O professor Giorgio de Tomi, diretor do Centro de Mineração Responsável da USP, apresentou a proposta de um sistema inovador de certificação de origem e rastreabilidade. Ele ressaltou a importância de enxergar os pequenos produtores como empreendedores legítimos: “Eles querem competir, querem fazer parte do jogo.” De Tomi explicou o funcionamento da plataforma de certificação desenvolvida em parceria com o IBGM: “Com esse sistema, conseguimos comprovar se a produção está seguindo critérios de responsabilidade. E mais: essa plataforma se torna um instrumento de educação para o minerador, que passa a saber exatamente o que precisa melhorar.” O professor também destacou os “5 Cs” para alavancar o setor: capacitação, coexistência, crédito, certificação e compliance.

O professor Adriano Mol, Chefe do Centro de Design de Gemas e Lapidação da Universidade do Estado de Minas Gerais da Universidade do Estado de Minas Gerais, iniciou sua fala questionando se a frase “líder em conformidade e práticas sustentáveis” era uma afirmação ou uma provocação, reforçando que o Brasil vive um contexto peculiar na mineração de gemas, distinto do padrão internacional. “A mineração chegou antes de muitas comunidades, o que não é o caso em recentes depósitos ao longo do mundo, onde a gema é descoberta onde existe uma comunidade já instalada.” Ele destacou o “capital cultural” das regiões mineradoras brasileiras, como Diamantina e Ouro Preto, cujas minas, muitas vezes, são familiares e operadas há gerações, o que, segundo ele, comprova a força da sustentabilidade social do setor. Adriano também trouxe à tona um desafio de imagem: “A gente tem um problema de branding. O Brasil foi o principal produtor de gemas, a sede de gemas há 20, 30 anos, e perdeu isso.” Para ele, é necessário reposicionar o país no mercado internacional, transformando esse ativo mineral em um ativo emocional e simbólico, especialmente no universo da joalheria.

Ara Vartanian, fundador e diretor criativo da Ara Vartanian, trouxe uma perspectiva única: a do consumidor consciente e do criador comprometido com a transparência. Desde 2019, Ara vem desenvolvendo o projeto de mineração consciente junto a minas, como Cruzeiro, Belmont e Brazil Paraíba Mine. “Eu queria contar a história [de onde vêm essas pedras],”, disse. Além disso, em 2022, criou uma área de ESG em sua empresa e contratou uma engenheira dedicada à estruturação do projeto. “Eu fui trocando toda essa informação com outros joalheiros que estavam à disposição para aprender essa nova trajetória comigo. (…) Eu, como consumidor de pedras preciosas, vivendo no Brasil, que tem essa potência de gemas, eu tinha que sair da zona de conforto e dar a cara para bater de uma certa forma e me comunicar com quem estava fazendo essas boas práticas”, concluiu.

Painel “Indústria de Pedras Preciosas do Brasil: Líder em Conformidade e Práticas Sustentáveis”. Da esq. à dir., Manoel Bernardes, Adriano Mol, Ara Vartarian, Giorgio de Tomi e William Freire.

O painel evidenciou que a liderança em conformidade e sustentabilidade não é uma condição dada, mas um processo contínuo de construção coletiva, que depende da articulação entre Estado, setor privado, academia e, sobretudo, da pressão crescente de um consumidor mais exigente e consciente.

Reconhecimento e visão de futuro: Gaetano Cavalieri é homenageado e fala sobre a evolução da responsabilidade na indústria da joalheria

Painel “Evolução das práticas de fornecimento responsável na indústria de joias”, apresentado por Gaetano Cavalieri, presidente da CIBJO

Durante o ICA Congress 2025, o presidente da CIBJO, Dr. Gaetano Cavalieri, foi homenageado pelo ICA com um prêmio de reconhecimento por sua contribuição, dedicação e comprometimento com a indústria de gemas e joias ao longo de mais de 20 anos de liderança. Em sua palestra, “Evolução das práticas de fornecimento responsável na indústria de joias (“Evolution of Responsible Sourcing Practices in the Jewelry Industry”), o especialista abordou a trajetória da indústria joalheira na adoção de práticas cada vez mais responsáveis, sustentáveis e comprometidas com o bem-estar social.

Gaetano começou relembrando a criação do Processo de Kimberley, em resposta à crise dos “diamantes de conflito”, destacando o impacto dessa iniciativa na redução do comércio ilegal e no fim de guerras civis em diversos países africanos. “O sistema conhecido como Processo de Kimberley foi lançado em 2003 e, em poucos anos, viu a incidência de diamantes de conflito cair de mais de 4% para menos de 1%”, afirmou.

Da esq. à dir., Damien Cody (presidente do ICA), Gaetano Cavalieri e Doug Hucker (CEO do ICA)

O presidente da CIBJO dedicou atenção especial à mineração artesanal e de pequena escala: “Nós temos uma grande responsabilidade para com esses trabalhadores.”

Ele ressaltou ainda os avanços em transparência e rastreabilidade, mencionando tecnologias como blockchain e iniciativas de certificação para garantir práticas responsáveis em toda a cadeia produtiva. “A introdução do Responsible Sourcing Book representou um divisor de águas, pois, pela primeira vez, tivemos um padrão universal de boas práticas voltado para as pessoas e não apenas para os produtos.”, exemplificou.

A palestra também abordou os desafios da sustentabilidade ambiental e econômica de recursos biogênicos, como pérolas e corais preciosos. Segundo ele, quando bem geridos, esses recursos “podem ser regenerados e atuar como fontes sustentáveis de oportunidade social e econômica”.

Encerrando sua fala, Cavalieri fez um apelo por ações coletivas e coordenadas diante de um mundo em transformação: “Temos que continuar contribuindo para o bem-estar das pessoas que trabalham neste setor e para a alegria daqueles que usam nossas joias.”

Ioannis Alexandris traça a trajetória histórica e o futuro promissor das gemas brasileiras no cenário mundial

Ioannis Alexandris no painel “O Passado, o Presente e o Futuro das Gemas e Joias do Brasil”

Em uma apresentação rica em detalhes históricos e gemológicos, Ioannis Alexandris, CEO do Gemolithos Group, destacou no painel “O Passado, o Presente e o Futuro das Gemas e Joias do Brasil” (The Past, Present and Future of Gems and Jewelry from Brazil) o papel central do Brasil na história e no futuro das gemas e joias.

Ele relembrou como diamantes brasileiros já adornaram coroas da realeza europeia e ressaltou a abundância e diversidade mineral do país, classificando-o como um “paraíso das gemas”. Focando em pedras icônicas como crisoberilo, ametista, topázio imperial, turmalina Paraíba e alexandrita, Alexandris mostrou a evolução da qualidade, do design e do valor agregado das gemas brasileiras ao longo do tempo.

Para Alexandris, conhecer as “raízes” desta tradição é fundamental para compreender o valor das gemas brasileiras no presente. Também elogiou práticas sustentáveis de mineração e a ascensão de designers nacionais que combinam inovação, responsabilidade e excelência criativa.

Encerrando sua fala, reforçou que o Brasil não apenas foi, mas continua sendo um protagonista no mercado global de gemas, com um futuro promissor baseado em inovação, responsabilidade e herança cultural.

Rui Galopim de Carvalho mostra como as gemas brasileiras moldaram a história da joalheria europeia

Rui Galopim de Carvalho durante o painel “Gemas de cor brasileiras em joias históricas”

O mestre de cerimônias e consultor de educação em gemas Rui Galopim de Carvalho conduziu uma viagem no tempo, demonstrando como as gemas brasileiras, especialmente os diamantes e topázios, transformaram a estética e a técnica da joalheria europeia a partir do século XVIII. O conteúdo foi transmitido durante o painel “Gemas de cor brasileiras em joias históricas” (Brazilian Coloured Gemstones in Historical Jewellery).

Ao contextualizar o impacto da chegada de diamantes brasileiros em Portugal, o gemólogo revelou como a joalheria deixou de ser centrada no trabalho em metal para se tornar quase inteiramente dedicada às gemas, com peças exuberantes em que o ouro e a prata serviam apenas de estrutura para exibir uma profusão de pedras preciosas.

O painel também destacou o surgimento e a valorização das gemas de cor brasileiras, como topázios imperiais, crisoberilos, ametistas e quartzos, que passaram a ser usados em cortes personalizados para acompanhar o gosto estético da época.

Rui pontuou ainda a importância das práticas de lapidação e do uso de folhas metálicas coloridas (foils) nas joias históricas, refletindo sobre a fina linha entre técnica decorativa e tratamento gemológico.

Além da história, o gemólogo português trouxe uma reflexão sobre o valor das joias, lembrando que, hoje, mais do que nunca, o valor das gemas e das joias está nas histórias que elas carregam. “Hoje em dia, joias e pedras preciosas são cada vez menos sobre o produto e cada vez mais sobre a história. E se essa história for verdadeira, boa e positiva, teremos uma chance maior como indústria.”.

Brian Cook defende o reinvestimento na origem e projetos regenerativos como pilares da responsabilidade no setor de gemas

Brian Cook fala no painel “Fornecimento Responsável e Relevância para as Indústrias de Gemas de Cor, Joias e Minerais”.

Brian Cook, geólogo de exploração e fundador da Nature’s Geometry, ressaltou no painel “Fornecimento Responsável e Relevância para as Indústrias de Gemas de Cor, Joias e Minerais” (Responsible Sourcing and Relevance to Color Gemstone, Jewelry and Mineral Industries) que a verdadeira responsabilidade no setor de gemas começa na origem: com os mineradores artesanais e de pequena escala, que respondem por cerca de 80% da produção global de gemas de cor. Ele propôs que a indústria reinvista parte de seus lucros, mesmo que apenas 1% ou 2% da cadeia de maior valor, diretamente nessas comunidades, por meio de projetos de formalização, capacitação, segurança no trabalho e geração de renda local.

Cook apresentou o exemplo de um projeto próprio no Brasil, chamado Academia da Serra, onde implementou práticas regenerativas de agricultura e educação em gemologia e lapidação, transformando uma antiga área de mineração em um ecossistema sustentável e produtivo.

Para Cook, responsabilidade não se limita à extração: é um compromisso coletivo e contínuo. Ele ressaltou que cabe também aos compradores finais — joalheiros, revendedores e consumidores — valorizar e preservar as histórias por trás das pedras. “Não adianta criar uma narrativa se ela não é verdadeira”, alertou, defendendo a transparência como ferramenta central de valorização do setor. Sua apresentação foi uma convocação para que todos os elos da cadeia, da mina ao mercado, adotem atitudes concretas que beneficiem as pessoas, o meio ambiente e as futuras gerações. “Estamos aqui para construir um legado. O futuro da indústria está nas nossas mãos e nas mãos dos nossos filhos e netos”, concluiu.

Oportunidade histórica é ressaltada

O primeiro dia de painéis do ICA Congress 2025 mostrou que o setor de gemas está diante de uma oportunidade histórica: transformar seu legado mineral em valor humano, social e cultural para as futuras gerações.

Com debates profundos, propostas práticas e exemplos inspiradores, o congresso avança em sua missão de posicionar o Brasil como referência em sustentabilidade, inovação e responsabilidade. Os diálogos seguem nos dias 21 e 22 de maio, prometendo ainda mais reflexões e conexões para o futuro da indústria global de gemas.